
A frase que anuncia a chegada da nova safra de Beaujolais Nouveau, toda terceira quinta-feira de novembro, é talvez uma das maiores jogadas de marketing inventadas pelos franceses e, é claro, um grande engodo. O fantástico esquema de divulgação associado a uma sofisticada operação logística, a cargo de uma das maiores empresas de entregas expressas do mundo, a DHL, permite que lojas e restaurantes de mais de 200 países recebam simultaneamente o tão aguardado néctar de Gamay. Realmente é de tirar o fôlego! Porém, se a estratégia de vendas e a logística são impecáveis, a qualidade do Beaujolais Nouveau é discutível. A moda dos nouveau ditada nos termos da produção em massa, ao estilo fast food, foi responsável por colocar no mercado uma bebida pobre, com uma imagem de um vinho insípido feito para ser bebido imediatamente. Como se chegou a isso? Simples, demanda em alta associado a muitos produtores e négociants inescrupulosos. Nesse cenário qualquer recurso para aumentar os lucros é permitido, como por exemplo, a maximização na produção dos vinhedos resultando em vinhos fracos e diluídos. Mas isso não é problema, nada que uma boa chaptalização não resolva, mesmo que isso dê um toque ainda mais artificial ao vinho. Entretanto, os melhores e mais respeitados produtores da região estão preocupados com o prejuízo que os nouveau vêm causando a imagem de Beaujolais. Segundo eles todos os Beaujolais são confundidos com nouveau, e um dos grandes responsáveis por essa confusão é Georges Duboeuf. Apesar das críticas e da queda na produção nos últimos dois anos, que ficou em 1 milhão de hectolitros, Duboeuf é otimista quanto ao futuro dos nouveau. Também não para menos, hoje o Japão é o maior mercado consumidor de Beaujolais Nouveau.